O céu que nos protege - Paul Bowles

Terminado! Mais um livro lido nesse ano.

Como falei no post anterior, estive em uma grande aventura lendo O céu que nos protege. Escrito por Paul Bowles (1910-1999), se trata de uma história de uma viagem, daquelas que não tem volta. A sacada intrigante do livro é chegar num ponto que jamais se poderia imaginar, com muita angústia. Os personagens, Port, Kit e Tunner, vão viajar juntos saindo da França em direção aos países árabes do Saara e, começando com um mal-entendido amoroso, o grupo vai se dividir e passar o ponto de retorno. 

Confesso que o livro fica bem melhor da 2/3 parte em diante. O primeiro capítulo me parece que é para explicar como a história foi tão longe. E, particularmente, as últimas páginas são de tirar o fôlego. Isso contradiz, de alguma forma, o que o Alberto Mussa (o escritor que indicou a lista, caso não saiba, veja aqui) disse sobre um livro te prender até a página 100. De fato, não é uma história de se desistir até a página 100, mas que só vai ser verdadeiramente interessante no decorrer.

Se trata de uma obra bem descritiva, que se prende aos detalhes e, particularmente, a edição da Alfaguara é ótima! A capa é meio sem sentido e eu vi que existem edições com mais sentido com a história (tipo capas com um deserto, um chá, um casal viajando, de céu, enfim.). A tradução foi bem feita, apesar daquele costume, para mim, um tanto sem sentido as vezes de manter palavras em francês e, no caso, em árabe, no meio da história. Certos casos, isso ficava interessante porque havia, sim, um choque de línguas durante o enredo, porém certas vezes ficava enfadonho , mas, pelo menos menos enfadonho que o Rubem Fonseca.  Veja aqui a capa exatamente igual a do que eu li, bem nada a ver com a história, mas linda.



E, não posso terminar sem comentar isso: o nome do livro! No post anterior falei que o título ficava melhor se fosse "Um chá no Deserto" ou "Chá no Saara". Enfim, agora não acho mais! A escolha do título só mostrou uma enorme capacidade artística e literária do Paul Bowles, que, aliás, é admirável durante toda sua obra.  Ele é um artista das palavras, mesmo que não se goste da história em si. Recomendo principalmente para quem gosta de uma aventura grandiosa e de uma leitura boa de verdade mas não é muito de ação

Tendo esse lido, qual é o próximo? Escolhi! Será A Letra Escarlate de Nathaniel Hawthorne!
Já leu? Tem uma opinião sobre ele? 

Um abraço!

Tomando um chá no Saara com Paul Bowles

Olá, meus amigos leitores!

Sai das ligações perigosas, dos anos de 1700 e fui parar em um livro moderno, chamado O céu que nos protege de um escritor americano que, confesso, não conhecia e nem ao menos tinha ouvido falar chamado Paul Bowles. Esse livro já se tornou filme na década de 90 então vou precisar ver e uma boa descoberta foi saber que em português de Portugal a história é "Chá no Deserto", que eu acho que tem muito mais a ver com a história, por mais que seja nem um pouco fidedigno ao título original: The Sheltering Sky.

Descobri que na língua portuguesa muito pouco se sabe desse autor, mas ele é nos Estados Unidos, de grande reconhecimento literário, principalmente porque ele é Nova Iorquino. Um detalhe muito interessante sobre esse autor é que ele era um viajante e foi muito peculiar quando descobri que ele faleceu em Marrocos. Por que digo isso? Porque o livro conta a história de um casal (Kit e Port) que foi viajar com um amigo (Tunner) e em todo momento se conta sobre as vivências deles no Norte da África e suas relações com os árabes.

Fico até me questionando se Port (coincidentemente começando com a mesma letra que Paul) não conta algum relato pessoal durante a história porque se trata de um escritor que é viajante e nova iorquino. Enfim, estou descobrindo! Parei na página 170 e termina na 269. Talvez eu demore um pouco, mas essa história, sem dúvida, vou terminar.

Boas leituras!



Ligações Perigosas - Choderlos de Laclos

Voltei!

Após essa demorada leitura com o livro Ligações Perigosas, venho dar minhas impressões. A primeira, já digo, que é muito bom de se ler, pois as cartas, acredito eu, te aproximam da história, como se você fosse cúmplice dos casos que ocorrem durante toda a narrativa.

O enredo é composto por cartas de principalmente cinco personagens. A primeira é a Cécile Volanges, que no início desabafa com uma amiga sobre a angústia de ter saido do convento para casar, sem entender muito bem o porquê. Vemos que é uma pessoa jovem, muito ansiosa. Cécile é amiga de uma mulher viúva de personalidade muito marcante conhecida como Marquesa de Merteuil. Não se trata de uma mulher de muito boa fama na época, mas é, para mim, a personagem mais interessante. Ela é meio ambígua e trabalha tanto como vilã, mas como heroína. Esta estimula que a Cécile, que está prometida a casar com um homem, reconheça seus sentimentos pelo Cavaleiro Danceny, por isso, tudo tem que ser muito escondido e planejado, mas como o casal é bem novo, eles são intensos e apaixonados, sofrendo muito por essa relação secreta. Para conseguir fazer uma ponte entre os dois, pediram ajuda logo ao libertino Visconde de Valmont que é, um tanto secretamente, o melhor amigo da Marquesa de Merteuil. Ele tem uma péssima fama de desonrar as mulheres, manipulá-las e depois as largar e ele, logo no começo do livro, tenta colocar a Presidenta de Tourvel em seu jogo de sedução, mas ela, já avisada pelas amigas, resiste enquanto pode ou enquanto consegue.


As cartas da Marquesa com o Visconde são, sem dúvida, as mais claras, sem drama e verdadeiras de todo o enredo. Para a Presidenta, ele se mostra amoroso, faz de tudo para se tornar seu amante e mente sem o menor problema. Porém, quando ele começa a se envolver demais com a pequena Cécile Volanges, a narrativa se complexifica e os personagens vão se misturando até criar um nó amoroso.

De leitura bem leve e agradável, Ligações Perigosas quebra um pouco aquele cliché de que romances de época precisam ser óbvios e chatos. Mesmo para quem não gosta desse estilo literário, fatalmente se envolverá na história e terá opiniões sobre ela como eu que acho que o Visconde deveria ter ficado com a Marquesa. 

E a próxima leitura? Bem, ainda estou decidindo! Mas logo logo conto.
Abraços e até o próximo post.

Perigo com Choderlos de Laclos

Olá, amigos leitores!

Para a alegria ?  de vocês, eu ainda não estou com o livro lido, então, se for do interesse de vocês, ainda dá para acompanhar. A obra que estou lendo do momento, na tradução da Editora Anima, se chama Ligações Perigosas do Choderlos de Laclos. Digo isto porque esse livro é mundialmente conhecido como As Relações Perigosas, que é uma expressão corriqueira dentro do enredo. Fugi um pouco e não propositalmente dos romances contemporâneos, mas estou gostando bastante do livro, infinitamente mais do que Os Maias e outras obras que li, que se encaixa no gênero de Romances Libertinos.

Apesar disso, como se trata de um livro de 1782, não há um décimo do erotismo que ocorre nos contemporâneos, como vi no Milan Kundera e o Rubem Fonseca. Trata-se muito mais sobre a questão da traição, dos romances escondidos e a tentação de cair em um. Mesmo sendo formado por cartas seguidas, sem nenhuma narração, não se perde muitas informações e a história é bem coerente. Estou na página 112 e confesso nem ter passado pela minha cabeça a possibilidade de desistir da leitura diferente de muitos outros livros chatos que necessitam de uma insistência. 

É uma leitura boa, mesmo para pessoas como eu que não são muito fãs de romances de época. Encara o desafio?

Em breve, quando acabar o livro, retomo para contar os segredos desse perigo todo. 
Boas leituras

Devorando Rubem Fonseca

Olá, leitores queridos!

Confesso que fiz uma maldade com vocês, mas não foi proposital. Disse a vocês que iria, em breve, dizer qual seria meu próximo livro para ler. Mas, foi só eu tirar para ler o Bufo e Spallanzani do Rubem Fonseca, na quinta a noite que quando vi... acabou! Sábado a tarde eu já havia terminado. Dois dias de leitura frenéticos. A partir disso já se dá para saber qual foi minha impressão do livro. Só que antes disso, preciso contar um pouco sobre o autor e a história, certo?

Rubem Fonseca (1925) nasceu em Juiz de Fora, terra amada minha, mas escreve como carioca, como é de se imaginar. Curiosamente, descobri que ele fez Direito na melhor universidade de todas UFRJ , trabalhou como policial  e só bem mais tarde seguiu a carreira literária. Em 1986 lançou Bufo e Spallanzani, o que é incrível por parecer tão atual. É um autor vivo e a última obra lançada dele foi em 2011, e, pelo que eu li em blogs e entrevistas, não parece querer parar de escrever. 

Vamos a história?Então, Ivan Canabrava, que usa o pseudônimo de Gustavo Flávio, é escritor e está, dentro do livro escrevendo um outro livro chamado Bufo e Spallanzani (sim, o mesmo nome, completamente metalinguagem) enquanto se relacionada com a casada Delfina Delamare, mulher rica casada com o famoso Eugênio Delamare. O livro se inicia com o assassinato dela, que primeiramente é encarada como um suicídio e, depois, realmente como um homicídio. Assim, a história se desenrola em descobrir quem foi que a matou, mas também é uma narrativa sobre o próprio Ivan, seu passado, sua personalidade e seus gostos. O autor também desenrola bem outros personagens que são cruciais na história como a Minolta e o policial Guedes. 

Dividido em cinco partes, o livro não é nem um pouco linear, pelo contrário, ele é assumidamente cheio de altos e baixos para te deixar cada vez mais curioso de quando se resolverá o trama. Mas, quando você espera que irá se resolver.. aparece outro!

Como disse no começo, é uma leitura rápida, que vai puxando uma sequencia a outra sem perder o ritmo, mesmo sendo uma obra de 238 páginas

Agora, falando pessoalmente sobre o que achei da obra: é um livro excelente, novamente, sobre um tema que normalmente não me chama a atenção (não chega a ser um romance policial, mas chega perto) e eu acho que o excesso de assassinatos não resolvidos é um pouco desgastante durante o texto. Além disso, eu acho muito chato (novamente, opinião minha) esses autores que tem que se mostrar cultos, citando outros em inglês, francês, alemão e fazer conversações como se todo rico fosse intelectual e soubesse tudo sobre cultura literaria no original. Também tenho ressalta quanto ao final que achei um tanto óbvio (há quem dirá que não). Outro detalhe que achei extremamente problemático são as citações! Ele cita e depois diz que citou errado ou faz adaptações de citações distorcendo o que o autor primeiro quis dizer. 
Mas, eu gostei muito do como o trama em seu desenvolvimento se fez, o linguajar do autor, a edição da Sairavadebolso que li, a divisão de capítulos, as explicações que vão sendo dadas ao longo do texto e o como ele fala sobre o trabalho do escritor, que me encanta profundamente, apesar de não ter nada a ver diretamente com o tema do livro.
Enfim, é um livro que eu recomendo e dá gosto de ler.

E vocês? Já leram esse? E outros dele?
Boas leituras e abraços!